quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Memórias dos meus idos e sidos.


As lutas históricas não estão somente no retrato do mundo que um conhece, mas também está no retrato de um mundo que um necessita. Toda obra de arte que vale a pena reflete o mundo que é, mas também anuncia um mundo que é possível e por isso lanço meu olhar esperançoso sobre os bravos guerreiros desta luta que por mérito já foi vencida. A prova está nas manifestações culturais que resistem ao tempo, a falta de recursos, de reconhecimento e sensibilidade dos poderes que administram Campo Grande.

Saudoso meu olhar busca uma forma de me aproximar, atravessar o oceano através dos meios que disponho, para dizer que a luta por 1% para Cultura é uma busca pela sobrevivência de muitos que merecem, não só recursos através de um edital, mas a valorização do talento e da vontade de mostrar que o mundo pode ser mais plástico, cênico, peliculável, musical e que as manifestações culturais devem ser práticas diária de agregação e disseminação.

Eu que vi esta sementinha sendo plantada no Plenárinho da Câmara municipal, muito antes de realizar meus sonhos de escrever e filmar, confesso que não acreditava nos pouco homens e mulheres que se “estapeavam em pensamento" durantes as discussões. A bagagem de vida de cada um fez dessas pessoas lutadores de diferentes bandeiras que propõe uma rica diversidade de opinião, reflexo do mundo das artes, que buscou se multiplicar e doutrinar outros para seguirem acreditando na busca pela Utopia.

A falta de reconhecimento da atividade artística como negócio, geradora de renda e emprego, impende que a população abra seus horizontes e se enclausure dentro de uma cultura banal onde os valores humanos são ignorados e desprezados. O meu trabalho como documentarista é reflexo do que vivi e do que lutei, não nego minhas raízes, mas também não deixo que aflore em mim meus questionamentos sobre os acessos que não tive, sobre a busca pela arte que na minha vida chegou tarde. Mas chegou! E, diante disso, minha sincera saudação aos que no meu caminho me brindaram com um toque de cultura e iluminaram minha trajetória afastando um analfabetismo intelectual e cultural.

A experiência de viver em dois sistemas distintos me faz acreditar cada vez mais na falta de vontade política, nos interesse capitalistas de uma jocosa massa política que tem medo de colaborar com a construção de uma sociedade critica e contestadora, que entre outros recursos, utiliza a arte como ferramenta para expor suas angustias, desejos e sonhos.

Desejo que esta imersão da sociedade, que se organiza hoje Campo Grande para lutar pelo 1% para cultura, seja suficientemente lúcida e louca, forte e perspicaz para seguir adiante.

Marinetti Pinheiro

Escritora e cineasta Campo-grandense que vive em Cuba desde 2009.


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